25 de novembro de 2011

Green News: Alerta para risco de Alimentos em extinção

Alimentos em extinção, uma realidade próxima

Confira alguns dos alimentos de maior risco 



Mais de 750 produtos alimentícios, de 48 países, estão ameaçados de sumir. O levantamento, batizado de Arca do Gosto, é feito pela ONG internacional Slow Food desde 1996. "Além do risco de sumir do mapa, para estar na lista, o alimento deve ter excelência gastronômica (rico em cheiro, sabor e textura), estar ligado ao contexto e à memória de uma comunidade, ser feito de modo artesanal e, de preferência, sustentável", diz a nutricionista Neide Rigo, membro da comissão brasileira que analisa a entrada de produtos na lista negra. As principais razões que levam um alimento à zona de risco são: perda da tradição no modo de preparo; produção complexa; coleta não sustentável; localização do produto em área devastada; e desinteresse mercadológico, que faz com que produtores desistam de cultivar determinadas espécies.




Natureza (Quase) Morta
Algumas centenas de plantas, animais e alimentos processados que podem virar peça de museu:

  • Marmelada de Santa Luzia (Brasil)

Ameaça: Perda da tradição e desinteresse mercadológico.
Surgiu em comunidades de descendentes de escravos na região de Luiziânia, Goiás. 
Desde o século 17, a receita é passada de geração a geração, e hoje está nas mãos
de 30 famílias. O volume de produção é pouco, atendendo regiões vizinhas.



  • Aratu (Brasil)

Ameaças: Coleta não sustentável e devastação ambiental.
O caranguejo vermelho está cada vez mais raro nos mangues de Sergipe. Isso se deve à captura de aratus pequenos e fêmeas em fase reprodutiva. Toxinas liberadas pela ração dada a camarões criados na região também dizimam os aratus.
Para tentar salvar os aratus, projetos de coleta responsável dos bichos estão sendo instituídos entre os produtores.



  • Palmito - Juçara ( Brasil )

Ameaças: Coleta não sustentável.
A variedade de palmito mais ameaçada cresce em áreas de mata Atlântica no Sul e no Sudeste do país. 
Extraído de modo predatório há décadas, o alimento só não desapareceu por causa do plantio de palmeiras juçara em reservas indígenas.



  • Aspargo Violeta de Albenga (Itália)

Ameaças:  Produção complicada e desinteresse mercadológico.
Esta variedade demora para ser colhida e requer técnicas de cultivo e colheita que a encarecem, diminuindo o interesse dos produtores. 
Em 1930, chegou a ser cultivado em mais de 300 hectares. Nos anos 2000, a área não passa de 10 hectares.



  • Hidromel (Polônia)

Ameaças:  Perda da tradição e produção complexa.
A bebida caseira, feita com uma parte de água e duas de mel, se parece com um vinho
licoroso. Apenas um produtor segue a antiga receita, aprendida com a mãe. 
O hidromel deve envelhecer por até sete anos antes de ser servido.



  • Maça Esperiega ( Espanha )

Ameaças:  Desinteresse mercadológico.
A partir dos anos 70, o comércio local passou a lucrar mais com maçãs vindas dos EUA e as Esperiega foram sumindo. 
Graças a um grupo de jovens agricultores, a variedade está sendo reintroduzida no mercado.



  • Cacau Barlavento (Venezuela )

Ameaças:  Devastação ambiental e desinteresse mercadológico.
Além da concorrência dos cacaus da Indonésia e da Malásia, uma enchente destruiu um terço de sua área produtiva. 
De importância histórica para comunidades indígenas venezuelanas, o alimento ainda é produzido em pequena quantidade.



  • Cebola Sapporokii ( Japão)

Ameaças:  Produção complexa e desinteresse mercadológico.
O cultivo requer colocar sementes em uma estufa, transplantá-las na terra e colhê-las após 
sete meses. 
Além do longo e custoso processo, a variedade é vulnerável a doenças. 
Dos 70 mil hectares cultivados nos anos 70, restam 20 mil.



  • Melão de Montreal ( Canadá )

Ameaças:  Desinteresse mercadológico e produção complexa.
Até meados dos anos 90 achava-se que a fruta estivesse extinta. Como o cultivo requer cuidados intensivos e transporte especial para frutas grandes e frágeis, o mercado passou a preferir espécies menos complicadas e mais baratas
O replantio do melão, dado como extinto, foi feito com sementes encontradas num centro de pesquisas agrícolas dos EUA em 1995.



  • Cheddar Artesanal Somerset ( Inglaterra)

Ameaças: Perda da tradição.
Este cheddar esbranquiçado é feito com leite cru e uma bactéria típica de Somerset. A procura começou a cair nos anos 50, com o uso de leite pasteurizado na produção local de queijos. 
Só 5% dos produtores seguem a tradição no preparo.



  • Merken (Chile)

Ameaças:  Desinteresse mercadológico.
Esta pimenta vermelha defumada já foi muito popular entre os chilenos. 
As novas gerações não dão mais tanto valor ao produto por enxergá-lo como sinônimo de pobreza e de influências indianas no país




Brasileiros em Risco
Dentre os 23 alimentos nacionais ameaçados estão: umbu - fruta do Nordeste -, arroz vermelho, néctar de abelha, castanha de baru, palmito-babaçu e pirarucu - peixe amazônico.




Consultoria: Nutricionista e membro da comissão brasileira da Arca do Gosto; 
Cenia Salles, pesquisadora e consultora gastronômica, líder do Convivium São Paulo da Sloq Food Brasil.


Fonte: Mundo Estranho

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